Uma vida por outras 20 mil

23 de novembro de 2010 | Categorias: 244 anos

Celso Anderson de Souza tem 83 anos, é médico e professor universitário. Foto: Alan Pedro

Todas as profissões merecem admiração, respeito e homenagens, mas duas das mais queridas são a de professor e a de médico.

Se já é gratificante ser um ou outro, o que dizer de ser os dois ao mesmo tempo?

E mais: com 83 anos de idade e esbanjando sabedoria, lucidez e bom humor?

Celso Anderson de Souza é um homem de bem com a vida. Nascido em 20 de abril de 1927, em Bom Retiro, ele chegou a Lages com nove anos para estudar no colégio evangélico.

Na instituição, trabalhava na limpeza do prédio e outros afazeres para retribuir a educação e a hospedagem.

Crescido na disciplina evangélica, não ia a bailes ou festas e raramente frequentava o cinema, mas sempre, sempre se dedicou intensamente aos estudos e às boas ações em prol dos outros.

Formado em Medicina em 18 de dezembro de 1955 pela Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, e especializado em Ginecologia e Obstetrícia na Argentina, Celso começou a trabalhar como médico em Lages no inverno de 1957, junto com a maior nevasca da história do Brasil.

Atuou no seu consultório, no Exército, no antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) e no Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, mas foi na Maternidade Tereza Ramos que viveu os momentos mais emocionantes da carreira.

Celso não sabe o número certo, mas em 53 anos de profissão, mais de 20 mil bebês vieram ao mundo pelas suas mãos. Há quem diga terem sido mais de 30 mil, mas Celso é modesto e reduz o número para “apenas” 20 mil.

Com passagens pela política, foi presidente local do MDB, vice-prefeito na gestão de Dirceu Carneiro e prefeito de março de 1981 a janeiro de 1982.

Em 1985 foi convidado para ser o superintendente do antigo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) em Santa Catarina no governo do presidente José Sarney, e exerceu a função por mais de quatro anos.

Voltando à medicina, porque é nela que Celso é muito feliz, ele conduziu tantos nascimentos ao longo das cinco décadas de profissão que por várias vezes foi padrinho de casamento de pessoas que trouxe ao mundo, e várias delas foram batizadas com o nome Celso em sua homenagem.

Há quatro anos Celso começou a lecionar no curso de Medicina da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac).

Há três, aposentou-se da maternidade, e hoje divide o seu tempo entre as aulas e os atendimentos no posto de saúde do Bairro Várzea, um dos mais carentes de Lages.

Casado pela segunda vez há nove anos após ficar viúvo, com um filho e quatro netos, Celso gosta de trabalhar e, nos momentos de folga, de ler, navegar na internet e estar em casa ou na igreja.

_ Tive três preocupações: vida espiritual, trabalho e estudos. Nunca tive vícios e sempre mantive uma vida disciplinada. Este é o meu segredo. Os médicos deveriam ser sempre subsidiados pelo Estado para se manter, pois é constrangedor ser remunerado pelos nossos serviços.

Continua…

FONTE;http://wp.clicrbs.com.br/diariodaserra/2010/11/23/uma-vida-por-outras-20-mil/?topo=67,2,18,,,77